Como escolher o azeite? Aprenda a ler os rótulos e a fazer a melhor escolha
- Equipa Quinta N. S. Neves
- 11 de jun.
- 4 min de leitura

1. Categoria do azeite – Muito mais do que um nome no rótulo
As categorias de azeite não são apenas classificações comerciais — são definições legais, regulamentadas a nível europeu (Regulamento CE n.º 2568/91 e seguintes), baseadas em critérios físico-químicos e sensoriais. Compreender estas categorias permite evitar escolhas de menor qualidade escondidas sob marketing apelativo.
Azeite Virgem Extra (AOVE)
É a categoria mais elevada e rigorosa. Trata-se de azeite extraído exclusivamente por processos mecânicos — sem adição de calor ou solventes — e que cumpre critérios laboratoriais e sensoriais muito exigentes.
Acidez livre: inferior ou igual a 0,8%
Índices de peróxidos e absorvância ultravioleta dentro de limites muito baixos (indicadores de oxidação)
Zero defeitos sensoriais: o azeite é sujeito a prova por um painel de provadores treinados, que não pode detetar qualquer sabor indesejado (rancidez, avinhado, mofo, etc.)
Aroma e sabor obrigatoriamente frutados, com intensidade variável
Este é o azeite que melhor conserva os compostos bioativos da azeitona: polifenóis, vitamina E, escualeno e outros antioxidantes.
Azeite Virgem
Também extraído mecanicamente, mas permite uma acidez até 2% e a presença de ligeiros defeitos sensoriais. Não é adequado para consumo em cru quando se procura um perfil aromático de excelência, mas pode ser uma opção aceitável para cozinhar.
Azeite Refinado (ou apenas "Azeite")
Este é um produto industrial. Começa com azeites virgens de qualidade inferior (frequentemente com defeitos graves), que são sujeitos a processos de refinação química e térmica. Durante a refinação, os defeitos são eliminados, mas também se perdem a maior parte dos antioxidantes e compostos voláteis.
Para melhorar o sabor, é adicionado posteriormente uma pequena percentagem de azeite virgem ou virgem extra. Apesar de a acidez final poder ser baixa (≤ 1%), não é um indicador de qualidade, pois resulta da neutralização química dos ácidos gordos.
Embora possa ser útil em frituras prolongadas, este tipo de azeite está longe dos benefícios nutricionais e sensoriais do azeite virgem extra.
3. Método de extração – O que significa realmente “a frio”?
A expressão "extraído a frio" é frequentemente encontrada nos rótulos de azeite de qualidade. Mas o que significa exatamente?
Extração mecânica: o processo de base
Todo o azeite virgem ou virgem extra resulta de um processo mecânico. Consiste em:
Moagem das azeitonas, transformando-as numa pasta
Batedura lenta da pasta, para promover a libertação do óleo
Separação do azeite por centrifugação (ou antigamente por decantação)
Este processo ocorre sem adição de produtos químicos ou solventes, preservando a integridade do azeite.
Extração a frio: mais do que uma técnica, um critério legal
De acordo com a regulamentação europeia, para que um azeite possa ser rotulado como “extraído a frio”, o processo de centrifugação ou prensagem deve ocorrer a uma temperatura inferior a 27 ºC.
A importância desta temperatura reside no seguinte:
Evita a degradação térmica dos polifenóis e vitaminas
Preserva os compostos voláteis responsáveis pelo aroma frutado
Garante maior estabilidade oxidativa, permitindo que o azeite resista melhor ao tempo e ao calor de confeção
A extração a frio é um selo de cuidado e qualidade, pois implica que o produtor privilegiou a integridade do produto em detrimento da produtividade (temperaturas mais altas aumentam a extração de óleo, mas reduzem a sua qualidade).
Um azeite que indica no rótulo “extraído a frio” é normalmente mais aromático, mais saudável e mais estável à cozedura, embora, por norma, tenha também um custo mais elevado.
6. Embalagem – O invólucro também importa
É comum negligenciar a embalagem, mas ela desempenha um papel essencial na conservação da qualidade do azeite. Três fatores externos contribuem fortemente para a degradação do azeite: luz, calor e oxigénio.
Proteção contra a luz
A exposição à luz provoca a oxidação dos ácidos gordos e dos antioxidantes naturais, levando à perda de sabor e de benefícios nutricionais. É por isso que as embalagens de qualidade são opacas ou em vidro escuro (âmbar ou verde-escuro).
Evite azeites em vidro transparente ou embalagens translúcidas — mesmo que estejam em prateleiras internas, a luz artificial já é suficiente para desencadear a degradação.

Proteção contra o calor
As altas temperaturas aceleram a oxidação e afetam negativamente o perfil sensorial do azeite. Um bom azeite deve ser armazenado:
Longe do fogão, forno ou fontes de calor
Em locais frescos (idealmente entre 14 °C e 20 °C)
Com tampa bem fechada para evitar o contacto com o oxigénio
Em casa, muitas vezes o azeite é colocado perto do fogão para conveniência. Este é um dos erros mais comuns e que mais compromete a sua qualidade ao longo do tempo.
Tipos de embalagem e respetiva eficácia
Vidro escuro: elegante, reciclável, excelente proteção. Ideal para consumo regular e conservação em casa.
Lata (metal opaco): proteção completa contra a luz e o oxigénio. Muito usada por produtores tradicionais ou em embalagens de grande volume.
PET ou plástico transparente: barato, leve, mas oferece fraca proteção. Frequentemente usado para azeites de menor qualidade ou refinados.
Idealmente, deve optar por embalagens pequenas (250 a 750 ml), que se consumam num prazo de poucas semanas após abertas. O contacto prolongado com o ar, mesmo com uma boa embalagem, degrada o azeite.
Quer saber mais ou precisa de ajuda a escolher o azeite certo para si?
Na Quinta Nossa Senhora das Neves, estamos sempre disponíveis para esclarecer dúvidas, partilhar sugestões e ajudar a descobrir o azeite ideal para a sua cozinha, seja para uso diário ou ocasiões especiais.
Fale connosco — teremos todo o gosto em guiá-lo no mundo do azeite de qualidade.
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